domingo, 27 de outubro de 2013

Caído morto e frio







Ó Capitão! Meu Capitão! A nossa temível viagem chegou ao fim;
O barco às tempestades resistiu, o desejado prémio foi ganho assim;
O porto está perto, o dobrar dos sinos desperto, o povo em alegria,
Os olhos seguem esta quilha firme, este barco de dureza e ousadia;
Mas ó coração! Coração! Coração!
Ó gotas vermelhas que sangram a fio,
No convés onde jaz o meu Capitão,
Caído morto e frio.

Ó Capitão! Meu Capitão! Ergue-te e ouve os sinos;
Ergue-te, por ti a bandeira se agita, por ti os clarins tocam hinos;
Para ti os ramos e grinaldas, para ti as gentes que acudiram,
É por ti que chamam e se agitam, é para ti que as ansiosas faces se viram;
Aqui Capitão! Querido pai!
Pudesse o meu braço ser macio
Para que apenas sonhasses neste convés
Em que caíste morto e frio.

O meu Capitão não responde, nos lábios só palidez e imobilidade
O meu pai já não sente o meu braço, não tem pulso nem vontade;
O barco ancorado em bom porto, viagem finda sob o céu,
Da temida viagem, o barco trouxe, vitorioso, o seu troféu;
Exultem as praias, dobrem os sinos!
Mas o meu caminhar será sombrio,
No convés onde jaz o meu Capitão,
Caído morto e frio.





Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.