da primavera, desmaiam com o sol
As
mulheres loucas arrumam os quartos, fazem
as camas desfeitas,
empilham camisas e calças,
abotoam os cintos do infinito, prendem
os laços
da sombra. Com os seus olhos cegos, enfiam
agulhas no
buraco da vida, cosem as feridas
do amor que não tiveram, cantam
devagar
a canção da idade fria. Dispo essas mulheres
no meu
poema; espalho as suas roupas pelas cadeiras
do quarto; abro a
cama onde as deito; rasgo
os pontos que acabaram de coser. O seu
sexo -
seco pelos ventos de uma inquietação nocturna
-
humedece-me os dedos. Desfolho os dias de março
enquanto desfloro
os seus lábios. Por vezes,
as mulheres loucas abrem a porta da
varanda,
respiram o perfume das trepadeiras brancas
da
primavera, desmaiam com o sol.
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