terça-feira, 24 de setembro de 2013

do tempo





I
Mãos, doces
mãos,
boas
para o amor,
Para
a espantosa descoberta
da carne,
mãos trémulas, in-
filtrando-se
pelas húmidas fendas
do corpo,
até
tocarem
o fruto supremo
e
romperem
o frágil casulo
da alegria.

II
Mãos
cálidas, como
o fogo,
prontas
a acalmar as feridas,
a
limpar
as tuas lágrimas,
a afagar-te
os cabelhos machucados
pela vida,
i.e.: mãos
disponíveis
para
a fraternidade.

III
Mãos
coléricas
iradas,
capazes
de fazer justiça,
de vingar
o insulto, de
derrotar
a opressão
restituindo
o fantástico brilho
da água
aos olhos
dos homens.

IV
Mãos a um tempo
ásperas e
sedosas, como
múctua,
tecendo,
nas noites sem lua,
a música obsessiva,
cruel e apaziguante
dos tambores.

V
Mãos aptas
para ensinar
as palavras, as
coisas,
mãos
pacientes
para mostrar
os caminhos emaranhados
da ciência.
para
iluminar
os mistérios indecifráveis
do tempo.






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