sábado, 3 de agosto de 2013

murmuram devagar todas as palavras








De onde eu venho
sou visitada pelas águas ao meio-dia
quando o silêncio se transforma
para as doces palavras do sal em flor
e das raparigas

Os muros são de pedra seca
e deixam escapar a luz por entre corredores
de raízes e vidro
lentas mulheres preparam a farinha
e cada gesto funda
o mundo todos os dias
há velhas mulheres pousadas sobre a tarde
enquanto a palavra
salta o muro e volta com um sorriso tímido de dentes e sol.

De onde eu venho procura-se a lenha pelo caminho da sede
as mulheres novas seguram-na contra o peito.
O ato de a ver arder faz-se em família
enquanto lábios ávidos
murmuram devagar todas as palavras.



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